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16 de Maio de 2013 | Notícias | Anti-neoliberalismo | Direitos humanos | Gênero | Lutadores sociais em risco
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O ex-ditador guatemalteco José Efraín Ríos Montt foi considerado culpado de "massacres, torturas, estupros, degradação de dignidade e desalojamentos forçados, e tem se comprovado que a população civil do grupo ixil foi objeto de assassinatos de forma massiva", afirma a sentença lida pela juíza Jazmín Barrios, presidente do Tribunal A de Maior Risco.
"Rios Montt soube" dos 15 massacres e "sabia completamente o que acontecia e não fez nada para detê-lo", acrescentou a juíza na sentença do dia 10 de maio, conforme a meio de comunicação popular Marcha. O militar tristemente reconhecido como “general da terra arrasada” recebeu uma pena de 80 ano de cadeia: 50 por genocídio e 30 por delitos de lesa humanidade.
O ex-chefe de Inteligência Militar, José Rodríguez Sánchez, que também foi julgado, foi absolvido pelos mesmos delitos. O Tribunal considerou que “não teve ingerência” nas operações militares contra los indígenas.
Ríos Montt e Rodríguez foram acusados pelo Ministério Público de serem os responsáveis, por sua hierarquia na cadeia de comando do Exército da Guatemala, da morte de 1771 indígenas maias ixiles em 15 matanças executadas em comunidades do departamento de Quiché. Os assassinatos foram cometidos de março de 1982 até agosto de 1983, período em que Ríos Montt governou de facto a Guatemala após liderar um golpe de Estado militar.
A Procuradoria havia pedido no dia 9 de maio 75 anos de cadeia contra os dois militares, e as duas organizações querelantes, o Centro para a Ação Legal em Direitos Humanos e a Associação para a Justiça e Reconciliação (composta por vítimas e sobreviventes do conflito), uniram-se ao pedido após apresentar suas próprias conclusões.
Organizações indígenas guatemaltecas, camponesas, de direitos humanos e sociais em geral têm celebrado a sentença. Houve justiça. No entanto, a ameaça constante de que os advogados de Ríos Montt recorressem da sentença, o temor de que as pressões revertam essa decisão judicial, e o violentíssimo agir do ultradireitista governo atual de Otto Pérez Molina (que continua perseguindo e assassinando comunidades locais), têm feito com que os festejos sejam comedidos. O medo está presente, em um país que viveu uma guerra interna de 1960 a 1996 entre a insurgência e sucessivos governos que fizeram terrorismo de Estado, onde morreram mais de 200.000 pessoas, mais de 80 porcento indígenas mayas.
Conforme Marcha, a juíza Barrios especificou que as campanhas militares de terra arrasada durante esse período sistemática e repetidamente massacraram a população maya ixil no norte do departamento de Quiché através da violência indiscriminada. “Os juízes podemos constatar através dos depoimentos: morte violenta das pessoas, incêndio de moradias, morte sistemática de crianças e anciãos de forma indiscriminada”. A magistrada considerou que os militares estupraram centenas de mulheres ixiles, destruíram suas casas, colheitas e animais e utilizaram a fome como "arma de guerra", entre outros fatos, “com a intenção de (fazer) desaparecer a etnia ixil".
Conforme o jornal argentino Página 12, Barrios afirmou que os fatos demostrados ao longo do julgamento, provam-se com a descoberta de cemitérios clandestinos nas imediações dos rios Schel e Chajul, onde estão restos de pessoas com tiros na cabeça e tórax que pertenciam aos povoados de Chajul, Nebaj e Cotzal, da zona ixil. “É evidente que os grupos militares que chegaram até cada uma das comunidades adotaram o mesmo padrão” genocida, concluiu a juíza.
Foto: www.rawstory.com
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